GEOPOLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Ataques de Trump ao Brasil em um mundo conflagrado

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Diante do grave ataque à soberania nacional, promovido pelo governo dos EUA liderado pelo presidente Donald Trump, com auxílio direto da extrema-direita brasileira, cabe aos verdadeiros patriotas forjarem uma ampla união em torno da defesa nacional, com a esquerda e os setores progressistas defendendo um conteúdo avançado para esta luta fundamental.

A conjuntura internacional está marcada por quatro grandes fenômenos que convulsionam o cenário político em todo o planeta: a persistente crise sistêmica e estrutural do capitalismo; a crise ambiental que se agrava aceleradamente; a consolidação do mundo multipolar e o avanço do neofascismo.

A crise estrutural do capitalismo tem aprofundado suas contradições internas: a financeirização da economia, a precarização do trabalho, a concentração de riqueza, a estagnação produtiva nas potências imperialistas e a instabilidade social e política. A lógica destrutiva do capital, orientada para a maximização do lucro, não apenas agrava a desigualdade como acelera a devastação ambiental e compromete o futuro da humanidade. O desenvolvimento acelerado de países socialistas como China e Vietnã e a emergência de novos polos dinâmicos no cenário internacional desafiam a hegemonia estadunidense e abrem espaço para a formação do mundo multipolar.

Todos esses fatores comportam graves riscos e oportunidades valiosas, com impacto direto no Brasil e na América Latina, exigindo extensa mobilização em defesa do nosso patrimônio natural e dos interesses do povo.

No marco de uma ação global do governo de Donald Trump, que busca agressivamente reposicionar os EUA diante de seu declínio econômico e político, ignorando como letra morta todo o arcabouço legal do direito internacional instituído pós Segunda Grande Guerra, o Brasil e outras nações são alvos de ataques sem precedentes contra suas soberanias. A estratégia inclui implantação de tarifas, ofensiva ideológica e uso das big techs como instrumentos de guerra híbrida e multidimensional.

No caso do Brasil, são dois os objetivos principais de Donald Trump:

1 – Anular o país como ator relevante na formatação do mundo multipolar e importante articulador dos interesses do Sul Global. E o fazem tanto enfraquecendo e dividindo o BRICS plus quanto solapando o ainda incipiente processo de integração da América Latina e Caribe e;

2 – Submeter a pátria à condição de Estado títere dos interesses estadunidenses, sabotando a tentativa de neoindustrialização e modernização da cadeia produtiva brasileira, com olhos cobiçosos em nossas riquezas naturais.

Na história do Brasil não é a primeira vez que o imperialismo instrumentaliza agentes políticos internos a serviço dos seus planos.

Desta feita, é a extrema-direita brasileira, reunida em torno do clã Bolsonaro, que se presta ao serviço de alta traição nacional.

No entanto, chama a atenção a desfaçatez do processo de intervenção promovido por Donald Trump, feito de forma aberta, desprezando normas básicas das relações entre nações soberanas e ostentando o frágil pretexto de proteger um aliado político interno, envolvido, com fartas provas, em um processo fracassado de golpe de Estado.

O Governo Lula reage de forma adequada, solidarizando-se com o Ministro Alexandre de Moraes e com o STF, negando-se a colocar em questão qualquer aspecto da nossa soberania e ao mesmo tempo declarando-se aberto a negociações respeitosas e mutuamente vantajosas.

Por outro lado, é fundamental que a bandeira da defesa da nação seja empunhada pelos trabalhadores, pelas massas populares e por todos os setores democráticos e patrióticos.

É a hora de uma ampla união em defesa da pátria que resgate o verdadeiro sentido de nossas cores e da nossa bandeira.

Ao mesmo tempo em que se deve trabalhar arduamente para construir a unidade dos mais amplos e heterogêneos setores, cabe aos comunistas e aos setores progressistas destacarem, na luta atual em defesa do Brasil, os seguintes aspectos:

O anti-imperialismo – Ser anti-imperialista é a forma mais consequente de lutar pela pátria, fortalecendo as bandeiras do  multilateralismo, do mundo multipolar, da autodeterminação dos povos, e do direito de cada nação escolher seu próprio caminho de desenvolvimento e modelo de democracia.

O antifascismo – Lutar pela pátria significa defender a democracia, derrotar e desmoralizar politicamente os neofascistas, traidores da nação.

A defesa do meio-ambiente – A firme defesa da natureza e do nosso lar comum, o planeta terra, é vital para o futuro de toda a humanidade. Tal defesa deve ser baseada na responsabilidade comum e diferenciada, evitando que se manipule tema tão importante para consolidar assimetrias e impedir que os países do Sul Globo tenham pleno acesso aos frutos do progresso.

A defesa da paz mundial – O Brasil é um país que, segundo os princípios de sua Constituição, defende o diálogo e a resolução pacífica dos conflitos, repudiando e combatendo o recurso às ameaças, ingerências, sanções unilaterais ou agressões contra países soberanos. A causa da paz mundial é a causa de todos os povos que aspiram por justiça e liberdade.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ao levantar as bandeiras do anti-imperialismo, do antifascismo, do meio-ambiente e da paz mundial, eleva em primeiro lugar a bandeira verde e amarela, a serviço da qual, todas essas lutas convergem.

Comissão de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

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