40 anos do golpe

Argentina: “O golpe de 1976 obedecia a um plano nacional e internacional pilotado pelos Estados Unidos”

25/03/2016

Em declaração à Rádio Cadena Nacional da Argentina, o secretário-geral do Partido Comunista da Argentina enviou mensagem ao povo por ocasião do 40º aniversário do golpe de estado na Argentina. Leia abaixo

“Este aniversário do golpe de Estado nos encontra atravessando uma conjuntura sumamente difícil. O triunfo de Mauricio Macri e a constituição de um governo que impõe uma política de ajuste, demissões e repressão, ao mesmo tempo em que assina a capitulação perante os fundos abutres e se dispõe a iniciar um novo ciclo de endividamento, nos apresentam um panorama muito distinto do que atravessamos, com seus pontos positivos e negativos, nos últimos anos.

Coroando esta situação, a presença de Barack Obama no país representa mais uma afronta para nós que lutamos contra a ditadura avalizada e impulsionada pelo imperialismo norte-americano.

Por isso quero fazer nesta data um forte  reconhecimento à luta de todas as vítimas do  terrorismo de Estado na Argentina e em especial aos militantes do Partido Comunista e da Federação da Juventude, que se caracterizaram por adotar uma atitude exemplar, como parte de uma cultura política que se forjou no calor da luta contra a injustiça, a exploração e a discriminação e que se caracterizou por ser objeto de perseguição permanente por parte das classes dominantes e do Estado burguês argentino.

Nosso Partido acumulou méritos trágicos nesta luta, enfrentou, primeiro Tríplice A, [a Aliança Anticomunista Argentina], cuja autoria no assassinato do camarada Carlos Banylis ficou demonstrada em uma recente decisão judicial, e logo depois do golpe de Estado, batalhou contra a ditadura, defendeu suas próprias vítimas e as de todos os partidos e em nenhum caso, como ocorreu com outras forças políticas, como o justicialismo, o radicalismo ou socialismo, proporcionou quadros a serviço da ditadura.

O golpe de 1976 obedecia a um plano nacional e internacional pilotado pelos Estados Unidos com o objetivo de pôr fim a todos os elementos do Estado de bem-estar desenvolvidos depois da Segunda Guerra Mundial, e que tinha muito em conta o fato de que a Revolução Cubana deixava de ser uma “excepcionalidade ilhada” para transformar-se na base do crescimento das forças de esquerda na América Latina.

Nós, comunistas, nos sentimos orgulhosos de nos termos constituído como o único partido demandante na defesa dos direitos de suas vítimas e de todas as vítimas do terrorismo de Estado. Isto não é casual, mas absolutamente coerente com nossa história.

Hoje, continuamos impulsionando esta luta, exigindo a derrogação da lei antiterrorista, a liberdade de Milagro Sala, opondo-nos ao Protocolo de segurança, ao acordo com os fundos abutres e às demissões e ajustes impulsionados pelo governo.

Como dizemos em nossa declaração, convocamos nossos camaradas e demais integrantes do campo popular a levar adiante ações unitárias, organizadas, de caráter anti-imperialista e de libertação nacional e social, em solidariedade com os povos latino-americanos agredidos pelo imperialismo.

Este é o combate que nos cabe fazer por nossa história e nosso futuro”.

 

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