A mimetização do ódio norte-americano pela extrema-direita brasileira cria uma máquina de perseguição, ameaça e violência contra a democracia, a sociedade e os cidadãos
Por Rey Aragon, no Código Aberto
Após a condenação de Bolsonaro e o assassinato do líder ultradireitista Charlie Kirk, a extrema-direita nacional intensificou sua guerra cultural: listas de perseguição, doxxing, ameaças, boicotes e uso da lei estrangeira como arma política. Este artigo denuncia, com provas, como líderes fascistas e neonazistas exploram a fragilidade cognitiva de sua base para impor uma cruzada de ódio que ameaça o Brasil. É hora da democracia reagir.
A guerra cultural em curso
O Brasil atravessa um momento histórico em que a democracia está sendo testada até seus limites. A condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e o assassinato do ultradireitista norte-americano Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA, não são fatos isolados, mas episódios de um mesmo fenômeno: a consolidação de uma internacional fascista que usa a guerra cultural como arma estratégica para corroer instituições, intimidar opositores e destruir o Estado de direito.
Nos Estados Unidos, a morte de Kirk foi imediatamente convertida em capital político pela extrema-direita. Seus líderes — como Stephen Miller e Elon Musk — transformaram o crime em bandeira de mobilização, insuflando perseguições contra professores, jornalistas e cidadãos comuns que ousaram criticar ou ironizar o episódio. A lógica é simples e brutal: transformar um personagem já conhecido por sua retórica supremacista branca em mártir e, a partir daí, licenciar uma caça às bruxas digital.
No Brasil, o roteiro foi rapidamente importado. Parlamentares como Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer reproduzem o mesmo padrão de linchamento político e cultural. A narrativa do “mártir perseguido” serve de combustível para listas negras, campanhas de assédio, doxxing e intimidação. Mais grave ainda: a extrema-direita brasileira agora invoca a própria legislação estrangeira, como a Lei Magnitsky, para ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal — numa clara tentativa de submeter a soberania nacional à lógica fascista internacional.
Estamos diante de uma engrenagem que combina fundamentalismo religioso, armamentismo e violência simbólica para criar um ambiente de medo e perseguição. É uma ofensiva articulada, transnacional, que explora a fragilidade cognitiva e emocional de sua base e que, ao mesmo tempo, busca capturar instituições e paralisar a reação democrática. Não é exagero afirmar: trata-se de uma guerra cultural em andamento, e dela depende o futuro do Brasil como sociedade plural, democrática e soberana.
